Em entrevista ao CNB/PB, Manuella Rios de Souza Martins, tabeliã do 9° Ofício de Notas de João Pessoa, fala sobre a importância da figura feminina nos cartórios extrajudiciais
Segundo um levantamento realizado pelo sistema Justiça Aberta do Conselho Nacional de Justiça, 6.368 titulares mulheres estão à frente de cartórios de Notas e de Registro no Brasil, contra 6.613 titulares homens. O apontamento mostra que a igualdade de gênero está presente na administração dos cartórios extrajudiciais privados no País, reforçando os direitos igualitários entre homens e mulheres, previsto no inciso I, do artigo 5º da Constituição Federal, e ainda remete que o lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive, no setor jurídico.
Manuella Rios de Souza Martins, tabeliã do 9° Ofício de Notas de João Pessoa, também conhecido como Cartório Souza Martins, concedeu uma entrevista ao Colégio Notarial do Brasil – Seção Paraíba (CNB/PB), para falar sobre a importância da mulher nos cartórios extrajudiciais.
Leia a entrevista na íntegra:
CNB/PB – Como os cartórios vem trabalhando para trazer a figura feminina cada vez mais para dentro das serventias extrajudiciais?
Manuella Rios de Souza Martins – O primeiro passo é a ocupação dos cargos por meio de concurso público, que é a forma mais democrática de seleção. As diversas Diretorias da nossa classe também possuem uma boa parcela de representantes femininas. Além disso, os cartórios de um modo geral têm, em sua equipe, muitas mulheres que contribuem consideravelmente para a eficiência do extrajudicial. Meu cartório, por exemplo, é 70% composto de mulheres competentíssimas.
CNB/PB – Na sua visão, por que em algumas profissões as mulheres ainda sofrem preconceito? Acredita que nas serventias possuem algum preconceito a mais?
Manuella Rios de Souza Martins – O preconceito ainda é uma herança que temos que carregar. Claro que isso vem diminuindo bastante, afinal de contas as mulheres têm conquistado seu espaço, ainda que com dupla jornada, se formando, se especializando, liderando instituições, mostrando que possuem uma força intrínseca que as fazem se sobressair em qualquer atuação que se proponham fazer. No meu cartório, lamentavelmente, várias colaboradoras já me relataram sofrer discriminação, inclusive, um destes casos nos chamou mais atenção pois o homem, além de pedir para ser atendido por outro homem, utilizou de palavras de baixo calão e deu um tapa na mão da minha colaboradora, o que foi imediatamente repreendido.
CNB/PB – Já sofreu algum preconceito por ser cartorária? Se sim, qual? E como se sentiu?
Manuella Rios de Souza Martins – Eu, particularmente, nunca sofri preconceito nesse sentido, mas acredito que isso se deve à função que exerço, pois quer queira, quer não, é uma função que impõe respeito. Diversas vezes, pudemos perceber uma diferença de tratamento do mesmo cliente, quando atendido por minha colaboradora, e, em seguida, por mim. Agora falando dos demais colegas de classe, sinto que sou igualmente respeitada. Inclusive, faço parte da diretoria do Colégio Notarial da Paraíba, com muito orgulho.
CNB/PB – Qual a importância de discutirmos o preconceito sofrido por mulheres no mercado de trabalho?
Manuella Rios de Souza Martins – É de suma importância, pois infelizmente só se sabe que o preconceito persiste quando você é a própria vítima ou presencia a discriminação. Isso quer dizer que, apesar de não vermos, não quer dizer que ele não exista. Não podemos fechar os olhos, muito menos afirmar que ele não existe, principalmente quando os dados demonstram que sim.
CNB/PB – Qual a vantagem de ter colaboradores do sexo feminino trabalhando na serventia?
Manuella Rios de Souza Martins – Particularmente gosto bastante, pois, de um modo geral, são mais caprichosas, pacientes e sensíveis, o que aproxima e humaniza ainda mais o atendimento, que é o fundamental na cultura do cartório.
CNB/PB – De que forma você incentiva as mulheres que atuam no seu cartório?
Manuella Rios de Souza Martins – Sempre que posso gosto de incentivá-las, estimulá-las, parabenizá-las por cada conquista, e até mesmo desenvolvê-las para se autoconhecerem por meio de estudo comportamental, pois assim se torna mais fácil de elas se apropriarem, de fato, de sua capacidade e conquistar o que quiserem! Sou uma entusiasta do empoderamento feminino.
Fonte: Assessoria de Imprensa CNB/PB